Voa Voa

... que o tio agora namora Lisboa.

sábado, maio 26, 2007

Era uma velha duma gargalhada só (Bondage Sessions)

Era uma velha duma gargalhada só
cremalheira acidentada e parreira cheia de pó
papava miúdos ao almoço, chamava-lhes um figo
raposa escroque dum caroço, afanava-os ao vizinho amigo
Era sardenta e verroguenta
envergava farto buço por baixo da venta
um capacete de cabelão da cor do bolor do pão
nunca com um só tom de batom, a sua boca de cabaré
narigão de batata a deitar negro dos restos de rapé
e uns olhos...dum escuro penetrante
com o brilho dum diamante
a fluirem de jovialidade...
mentira, eram reles com'ó jade
e duma frouxidão galopante
Vendia lombardas à porta do mercado
namorava os polícias até serem afilhados
coitada a clientela que não tinha cuidado
com a jarreta na balança eram todos levados
Foi numa manhã remelosa
depois de esvaziar o seu caixote
caminhava pelo jardim toda airosa
e dá-lhe uma sede de camela
vai de mamar no chafariz até soar o arroto da satisfação
só que a desmontar do degrau, escorrega, dá um piparote
aterra de cu e vê cá em baixo uma estrela
lá se agarra a um poste de iluminação
mas este em vez de ajudá-la a pôr-se de pé
larga-lhe a pesada lâmpada em cima da tola com enorme banzé
E assim foi-se num flash, vítima de exposição excessiva à luz artificial
pelo menos é o que diz o obituário desta antigalhota sem igual!